segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Novos tempos, péssimas mudanças




"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", já dizia Camões no século XVI e reafirmava José Mário Branco nos finais do século XX mas, ainda assim, longe de adivinhar as mudanças que se avizinhavam em pleno século XXI, volvidos escassos 50 anos.
Deixando a inspiração lírica de parte e recorrendo a não menos relevante referência como é a sabedoria popular, há já quem diga, apelando ao humor e à ironia, que "ainda é do tempo em que eram os professores a bater aos alunos" e não o contrário.
Partindo destas premissas é fácil perceber qual é o flagelo a que me refiro, a violência, não só no sentido lato, mas particularmente a violência escolar. Começamos pela violência entre alunos e chegamos ao cúmulo de testemunhar a violência dos próprios alunos contra funcionários e professores.
Mas afinal, que novos tempos são estes? São tempos que representam o culminar e o resultado de anos e anos de facilitismo, de passividade, de leviandade, de comodismo e de indiferença por parte de muitos dos responsáveis pela educação e pelos seus princípios orientadores. Estes, os responsáveis, foram-se acobardando atrás da apregoada "geração mais bem preparada de sempre" ignorando o facto de estarmos, na realidade, a criar a geração menos humanista e menos HUMANA de sempre.
Desde sempre existiu uma competição, pelo menos em ambiente escolar, entre as humanidades e as ciências. Para mim, nada mais ridículo. O resultado do investimento nas ciências e no descrédito das humanidades está à vista, temos a geração mais bem preparada de sempre, mas também a geração mais mal educada de sempre.
Soluções? Educação. No verdadeiro sentido da palavra, formação nas mais variadas áreas do saber, desde as humanidades às ciências, passando pelo desporto e pela cidadania. Mudança de mentalidades, é a chave. É esse o objetivo.
Qual é o caminho? Existirão, certamente, muitos, passando pelo rigor, pela exigência, pela seriedade e, acima de tudo, pelo respeito e pela disciplina.  O único caminho que tenho a certeza que não deve ser seguido é o do facilitismo, aquele que dá tudo de mão beijada aos alunos, tudo menos um eficaz e efetivo modelo de conduta capaz de formar os adultos de amanhã.
Que novos tempos são estes? São tempos de péssimas mudanças cuja fatura não tardará a chegar.

"Os jovens de hoje são os adultos de amanhã"
Alexandre Jorge 

1 comentário:


  1. Estamos a criar autómatos em vez de humanos... perdeu-se o
    "toque" entre as pessoas, fosse ele no bom ou no mau sentido... sinto-me triste por ver as crianças que nos chegam às mãos serem "formatados" desta forma!

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