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sábado, 13 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 27

Poema de um domingo de manhã no Arrimal



Dez horas da manhã ouve-se o galo a cantar

Alguns já trajados outros por trajar.

Mas quando o sino dá as 12 badaladas

Todas estão aprumadas.

 

À entrada da igreja já se pode escutar,

O cheiroso e tentador frango a assar

E ao entrar se vê a diferença

De quem está ou não por crença.

 

Ao longe, avisto uma mulher,

Sem nenhuma peça quente sequer

Imagino-a, de imediato, com um casaco de penas

Como as do frango que assa, apenas.

 

Numa outra perspetiva podemos perceber

Que é na lagoa pequena que se pode espairecer

A sua água clara, límpida e reluzente

Deixa os habitantes com um sorriso evidente

 

A caminho da senhora dos frangos

Não há salvadores, divinos ou santos

Enquanto os coitados esperam tanto

Os afortunados descansam no manto

 

E, ao longe, se começa a ouvir

O som dos Mercedes preto e comprido a vir

Com as encomendas feitas

São sempre as primeiras satisfeitas

 

Mas o ar puro que os outros cheiram

Pois, por mais que todos queiram,

Não há frango ainda pronto

Que valha este encontro!

Verónica Martins, N.º 27, 12.ºA

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 26

 


Numa estrada do Alqueidão ao amanhecer,

Vejo os jovens a entrar no autocarro,

No café, vejo pessoas a fumar um cigarro;

Encontro o Pierro, já está a «abastecer».

 

No adro da igreja, ao meio-dia,

Vejo pessoas na pausa do trabalho,

Algumas vão à Madalena comprar alho,

Há menos gente, já não é como se via.

 

Subo a rua da igreja,                                                                                           

Vejo os reformados no banco,

Enquanto outros saem do Recanto,                                 

Em baixo, ouço os homens a beber cerveja.

 

Caminho na berma da estrada

Vejo as azeitonas, são pequenos berlindes

Lembram memórias felizes

Em que não se fazia nada.

 

Desço para casa, enquanto chove,

Há o cheiro da terra molhada dos campos,

Agora, vazios não estão como noutros tempos;

Ouço o sino a tocar, já são quase nove.

Tiago Correia Bartolomeu, N.º 26, 12.ºA

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 25

Sobreviver!



Subindo a rua, ainda paira a escuridão

Já o dia começou

E ainda o galo não cantou

Vão crianças, adolescentes, vai a multidão.

 

Veem-se as sacas de pão

Nas portas de quem não trabalha, não!

Já tiveram dura vida

Os velhos trabalhadores sem medida

 

Bem próximo, ouvem-se os trovões

Que me trazem desilusões

Em sinfonia com o galo que desperta

E a tempestade que aperta

 

Passam os autocarros, que trabalhadores trazem

E estudantes levam

Que ignorância desfazem

E sabedoria elevam!

 

Lá no fundo, no café…

Aparecem os ociosos e relaxados

Que me tiram a alegria e a fé

Por serem tão desleixados…

 

Na labuta da triste madrugada,

Vêm os motoristas apressados,

Numa corrida parada

Que os deixa hipnotizados.

 

Já mais tarde, desfilam os doutores,

Que a miséria não toca nem atormenta

Mas a mim me molestam os mesmo fatores

Que o povo pensa e comenta!

 

Sobreviver! Ecoa nesta rua, no mundo!

Esta realidade triste e crua

Te faz desejar que a maldade se destrua

que se alivie este peso profundo…

Sofia Freire, N.º 25, 12.ºA

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 24

Gira diária



Ainda o orvalho paira no ar

Já ao fundo o galo a cantar

É hora de começar o fastidioso e

Retumbante labutar

 

Avisto o estrépito do sensato motor

A carregar o trabalhador, velho, e derreado

Que o dia já bem cedo começou

Longe disso a quimera entretém os moços

 

De sacos nas mãos, alegres

Vão indo pelo húmido pavimento

Desejando o encontro com as comadres

Que de outrem a vida é formidável

 

Hora de ponta. Barulho!

Carros à jusante, em contramão parados

Aí se a polícia passasse!

Nada faria.

 

Atrasados os gaiatos, apressam-se

Os avós devotos e sensatos, acompanham

Lembro-me da pele névoa, rugosa

Daquele que me agarrava e guiava

 

O salpicar das poças que passava

Simplesmente feliz. Saudades!

Afortunado passado que me consta

Que o presente enfadado se apresenta.

 

Sinos. Missa, se aproxima

Fiéis viúvas, cabisbaixas seguem

Esperança no perdão? Iludem-se

No desvanecer de suas profanas heresias

 

Sós. Arrastando-se pelas ruas

Os decrépitos abandonados

Indiferentes à multidão

Desamparados, morrem!

 

Adormecida permanece,

Aparenta deserto seco e sereno

Oh tristeza que me preenche!

Oh futuro pesaroso se avizinha!

 

Passos! Fumo! Voltou

A correria que se anseia

Preenche os corações daqueles que

Amor à terra detém, esperançosos!

Sara Dias, N.º 24, 12.ºA

terça-feira, 9 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 23

Deambulando para a escola



Saio de casa, com o passo tardio, sereno e vagaroso

E para a escola, como sempre, abalei

Fui para a passadeira onde contemplei,

A sexta-feira de ar agitado e desastroso!

 

Aqui, paralisa um carro a meio,

Este ignorou-me como se fosse oculto,

Mas compreendo que, no meio de tanto tumulto,

Se consiga esquecer do freio.

 

Observo a estrondosamente lenta multidão,

Alguns, atrasados para a escola como eu,

Há muito que a pressa se dissolveu

Entre toda esta ruidosa lentidão.

 

Vejo em cima, o mercado,

Neste dia, sempre abarrotado; incondicionalmente

E o resto da semana desocupado; indevidamente.

No meu caminho, de carros estou cercado!

 

E por aí me imagino,

O mercado e a feira desabam,

Aparecem muralhas que não acabam

E passam soldados por um perigoso destino.

 

Cansados com as suas armaduras,

Caminham! Desde as Astúrias!

Para tirar da península: injúrias!

E contra os mouros lutar sem censuras.

 

Regresso, pela escola adentro,

Entro na minha sala, furtivo, confiante e discreto.

O meu atraso é secreto,

Mas aí, nos estudos, me concentro.

Rodrigo Araújo, N.º23, 12.ºA

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 22

Sob o escuro firmamento



Sob o escuro firmamento

Que esconde o brilho do sol

Repousa, como um caracol,

O verde manto. Pobre coitado,

Cada vez mais esburacado!

 

Ao pé da igreja, diário ajuntamento,

Vejo apearem-se as inocentes crianças.

Olho para o lado, não há mudanças!

Entre curvas sinuosas, sob o peito,

Estalam cervejas no café. Lugar perfeito!

 

Deixo aquele inflexível monumento

Que me agonia com a mesma cor,

Pois recordo agora com fervor

O bulir de outrora nas eiras,

O som do malho entre as figueiras!

 

Porém, nos meus pés sinto o afundamento,

Porque estes duros e brutos montes

Semelham-se à água nas fontes

Que evapora. E livres do seu peso

Buscam no céu um recomeço.

 

Abre-se a celestial serventia, de momento,

Mas do cerne destes altos, como serpentes,

Rompem grandes e fortes correntes

Que agarram este iludido pedaço de terra!

E, cá em baixo, o sacrificado cordeiro berra!

 

Atenua-se o som daquele movimento,

E dou por mim cercado pelos muros

Que se cobrem de espinheiros pontiagudos.

Lá no alto, a amarga lua

Débil e frágil, chora, mas não recua!

 

Arrepia-me um áspero sopro de tormento,

Pois, muito antes, searas douradas

Rasgavam estes muros, agora focinhadas

Cegas os derrubam! Sonho o cheiro

Do azeite a pingar da prensa, o lagareiro,

 

Homem valente e rabugento,

Faz o seu serão acarretando capachos!

Arrastam-se incansáveis os teimosos machos,

Procurando com o pescoço a semente

Onde pesa a canga bem assente.

 

Agora, este saudoso convento

Jaz esquecido e bem enterrado,

Donde brota um enorme silvado.

Alheio à comum visão, exceto do falcão,

Que observa o alastrar da deceção!

Rodrigo Morgado, N.º22,12.ºA 

domingo, 7 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 21

 


O sol tímido esconde-se

Atrás da serra pintada de preto

E eu vou para a rua, com o coração funesto

E cheio do passado descoberto pelo vento.

 

As oliveiras dançam, tristemente,

As janelas abrem quando passo,

E entre os vidros encobre-se uma mulher,

Que constantemente se pergunta o que ali faço.

 

O vento leva-me até aos telhados.

Aquelas lajes de pedra, que captam a água,

Como captam o meu olhar e a minha alma.

E me acalmam! E me salvam! Como salvaram meus antepassados!

 

A natureza que me rodeia fascina,

Enquanto arrelia e continuo a fugir.

Desço enquanto o sol sobe e zarpa a neblina

E os pedreiros chegam aos muros a insurgir.

 

Vejo um simples e belo cruzeiro, ao longe,

Acompanhado do chafariz, no meio da aldeia,

Fonte da água e fonte da vida,

Enquanto a pinga canta a sua bela melodia.

 

Ao longe, sinto o cheiro do pão quente

A sair do forno antigo com os pequenos

Fascinados a assistir. E relembro a minha infância

E a felicidade que senti quando era assim.

 

E eu, volto a casa, com as memórias.

As felizes memórias da minha infância,

Entre rochas e oliveiras, a sentir uma paz

Que não sentia quando do lar parti fugaz.

Maria Durão, N.º 21, 12.ºA

sábado, 6 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 20

Deambulando pela minha aldeia

 

Nasce o dia, na minha aldeia,

Com chuva e trovoada,

Assusta a D. Magda,

Que tanto fala da vida alheia.

 

Caminho em direção à capela,

S. João, seu padroeiro,

Rezo e peço dinheiro,

Sou uma pessoa singela.

 

Estou melancólica, como o dia.

Quando chego ao centro cultural,

Um espaço alegre e social,

Lá espero que alguém me sorria.

 

A rotunda com o castelo,

Faz alusão a Porto de Mós,

Lindo feito que encanta todos nós,

E, que considero muito belo.

 

Na igreja da Freguesia,

Junta-se o povo ao domingo.

À porta pede um mendigo,

Dou-lhe esmola por cortesia.

 

No moinho de vento,

Junto à serra dos candeeiros,

Encontram-se os cangalheiros,

E o céu continua cinzento.

 

Ah! O quanto esta terra me encanta,

É minha e de outros também.

Fico por aqui e não vou mais além,

Só me atrevo a dizer que é terra santa.

Maria Santos, N.º 20, 12.ºA

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 19

Deambulando pela minha terra



Pedreiras, terra querida, como tu não há igual,

és a mais bela de todas deste nosso Portugal.

Da casa da minha avó vejo os operários a trabalhar

cortando enormes pedras para as casas aperaltar.

 

Tuas pedras têm fama, que tanta gente trabalha,

e um dia até já foram p’ró Mosteiro da Batalha.

Também a cerâmica e a olaria nesta terra prevalecem,

as suas obras são tão belas que não esquecem!

 

Fui ao adro da igreja e fiquei a meditar

nas festas de antigamente que sempre vou lembrar -

a banda no coreto muito alegre a tocar,

rapazes e raparigas sempre à volta a passear.

 

Deambulando pelas Pedreiras de casas pintadas,

encontro jardins com flores de bom cheirinho,

és muito bela, mas a tua maior beleza

está na tua serra e no teu moinho.

 

Quando chega o verão, e um calor a apertar

é pena que a nossa serra alguém venha queimar,

Mas quando vem o inverno, se a chuva for abundante,

de novo ela ficará com o seu manto verdejante.

 

Já está a anoitecer e eu estou a regressar,

encontro pelo caminho muita gente a caminhar.

Também passam os atletas a correr ou a marchar

para depois em provas participar.

 

Mas para terminar apenas vou lembrar

que muitas coisas se perderam e assim desapareceram

com o decorrer dos tempos resta-nos recordar

todos esses momentos e ficar a meditar.

 

MªEduarda, N.º 19, 12.ºA

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºB 19

Deambulando pelas Pedreiras



Na minha terra pequena, mas de grande coração

Para além do verde com que está coberta

E a tranquilidade que isso em mim desperta,

Não há muito que cause atração.

 

Quando pela minha antiga escola passo,

Ouço os gritos das crianças a brincar

Que me lembram dos tempos que não vão voltar

E nas minhas memórias rapidamente colapso.

 

Avisto o café sempre cheio de gente

Durante o dia pelos idosos despreocupados,

E à noite pelos que retornam do trabalho cansados

E que procuram libertar-se da vida exigente.

 

Se o cheiro a pão pelo nariz me entrar

Lembro-me logo que estou perto do moinho,

E com sorte sou capaz de receber um bocadinho

Deste pitéu que me deixa a salivar.

 

Ao longe ouço os sinos a tocar acentuados,

Que não se atrasam nenhum segundo

Nem mesmo se fosse o fim do mundo,

Um barulho a que todos estão acostumados.

 

Mas no fundo faz-me lembrar o espaço

Esta terra tão vazia e aborrecida

Que me faz sentir tão solitário graças à sua falta de vida

E sou consumido pelo desejo de ter um simples abraço.

 

Tomás Esteves , N.º 19 , 12.ºB

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 18

 


Oito horas da manhã; em minha casa,

Aqui no cimo da colina,

Longe da algazarra,

Desce pelo vale a neblina.

 

Deitada ainda na cama,

Oiço lá fora os pássaros a cantar,

A brisa a soprar na rama,

Levando-me a imaginar.

 

Nestes jardins da casa, ao amanhecer,

Há tal tranquilidade, há tal serenidade,

As árvores perdem a sua luminosidade,

No chão um tapete de folhas a crescer.

 

O outono já se faz notar,

Nos seus tons de castanho e amarelo,

Os raios de sol a despontar,

Por entre as nuvens num céu belo.

 

Eu, deambulando, agora fora do portão,

Começo a descer pela aldeia

Acabando a paz e começando a confusão,

Sinto que estou presa numa teia.

 

Olho para as casas de cortinas abertas,

O barulho e o movimento começam-se a sentir,

As ruas enchem-se de carros e pessoas

Tudo se torna correria na ânsia de partir.

 

Por estas ruas, rodeadas de casa antigas,

Passa um trator, com o agricultor,

Chega à escola, o professor,

No parque verde, um grupo de amigas.

 

Vejo as crianças, entusiasmadas, brincar

Oh! Tão felizes estão naquela escola branca

Lá ao fundo, na igreja, as velhotas a rezar,

E os homens, sem nada que fazer, no banco a conversar.

 

Lea Martins, N.º 18, 12.ºA