domingo, 7 de maio de 2023

Deambulando - 12.ºA 21

 


O sol tímido esconde-se

Atrás da serra pintada de preto

E eu vou para a rua, com o coração funesto

E cheio do passado descoberto pelo vento.

 

As oliveiras dançam, tristemente,

As janelas abrem quando passo,

E entre os vidros encobre-se uma mulher,

Que constantemente se pergunta o que ali faço.

 

O vento leva-me até aos telhados.

Aquelas lajes de pedra, que captam a água,

Como captam o meu olhar e a minha alma.

E me acalmam! E me salvam! Como salvaram meus antepassados!

 

A natureza que me rodeia fascina,

Enquanto arrelia e continuo a fugir.

Desço enquanto o sol sobe e zarpa a neblina

E os pedreiros chegam aos muros a insurgir.

 

Vejo um simples e belo cruzeiro, ao longe,

Acompanhado do chafariz, no meio da aldeia,

Fonte da água e fonte da vida,

Enquanto a pinga canta a sua bela melodia.

 

Ao longe, sinto o cheiro do pão quente

A sair do forno antigo com os pequenos

Fascinados a assistir. E relembro a minha infância

E a felicidade que senti quando era assim.

 

E eu, volto a casa, com as memórias.

As felizes memórias da minha infância,

Entre rochas e oliveiras, a sentir uma paz

Que não sentia quando do lar parti fugaz.

Maria Durão, N.º 21, 12.ºA

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