No
âmbito do desenvolvimento da temática “Interculturalidade
e mobilidade no espaço europeu”, o Clube Europeu da Escola
Secundária de Porto de Mós deu
início ao projeto “Testemunhos de luso-errantes”, desafiando a
escritora/viajante Raquel Ochoa para um encontro com os alunos, no dia 28 de
abril.
Os alunos do Clube Europeu do 8º
ano de escolaridade fizeram uma breve apresentação do percurso biobibliográfico
de Raquel Ochoa, destacando as inúmeras viagens que já realizou pelo mundo
inteiro e os títulos das suas obras que pertencem a diversos géneros literários
(crónica, romance histórico, biografia): “O Vento dos Outros”, “Bana
– Uma vida a cantar Cabo Verde”, “A
Infanta Rebelde”, "Sem Fim à
Vista - a viagem", "Mar
Humano", "As Noivas do Sultão" e “A Casa-Comboio”. Mencionaram também o
Prémio literário Revelação Agustina Bessa-Luís, recebido em 2009, bem como a
sua colaboração com diversos jornais e revistas.
A sessão continuou com a leitura de um excerto do livro “O Vento dos Outros” e com uma animada atuação musical do tema “Conquistador”
dos Da Vinci, realizadas por umas alunas do 7º ano de escolaridade.
Raquel Ochoa começou por explicar que ela faz parte da população
portuguesa que pertence à classe dos luso-errantes, afirmando que as viagens já
fazem parte dos genes da maioria dos Portugueses que possuem uma herança de
viajantes/conquistadores. Ainda,
acrescentou que, sendo Portugal um país pequeno, muitos dos seus habitantes
sentem uma certa insatisfação, uma vontade de partir e de conhecer o mundo.
Deste modo, apresentou as circunstâncias que a levaram a abandonar a carreira judicial e a iniciar as suas viagens pelo mundo de forma mais sistemática, realçando os benefícios desta prática. Para ela, viajar é o meio mais eficaz para conhecer o outro e para se conhecer a si próprio, pois só após uma abertura para o exterior e o confronto com as diferenças culturais é que se aprende verdadeiramente reconhecer a humanidade do outro e a sua.
Apresentou vários exemplos concretos que evidenciaram a diversidade e a
especificidade das diferentes culturas e religiões. Assim, pudemos assistir à
descoberta de que os argentinos falam todos ao mesmo tempo, contrariamente aos
portugueses que normalmente seguem o lema «Quando um burro fala, o outro baixa
as orelhas»; os indianos utilizam a linguagem gestual que representa o “sim” e
o “não” de modo diferente da ocidental; os africanos não possuem um sistema
organizado de transportes públicos...
De seguida, num ambiente
informal e de diálogo, a convidada respondeu às questões dos alunos, destacando
a importância do reconhecimento dos verdadeiros valores para se efetuar um
crescimento saudável e da valorização do diálogo intercultural e
inter-religioso, para a construção de pontes entre as diferentes culturas.
A excecional
relação de imediata empatia que manteve com os alunos e a singular capacidade de
comunicar de uma forma entusiasmada e afetuosa desta convidada tornaram este
encontro num momento ímpar e único, em que se fez a apologia do diálogo e da
tolerância para alcançar a paz no mundo
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