Os primeiros contactos de portugueses com a ilha de Timor datam dos inícios do século XVI: após a
conquista de Malaca e consequente domínio dos
mares e do comércio da Insulíndia, o sândalo
atraiu navegadores portugueses, que terão chegado à ilha por volta de 1514; em
1556, chegavam os primeiros missionários.
A conquista foi lenta, tendo encontrado
numerosos obstáculos, desde as resistências locais até aos ímpetos
expansionistas de outras nações asiáticas e à conquista holandesa. Portugal
ficaria senhor de metade da ilha, não sem alguns problemas de soberania, que
deram origem a "guerras de pacificação".
Na Segunda Guerra Mundial a
colónia foi invadida e ocupada pelos japoneses. Entre 1942 e 1945, o território
foi palco de combates.
Com o fim da guerra, Portugal readquiriu
o domínio sobre Timor, nem mesmo as guerras nas colónias
africanas encontraram eco em Timor.
A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da
independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado,
ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade
étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em ação
na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu
um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense
era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida
no território.
Após o 25 de abril de 1974 a vida política timorense tornou-se ativa,
embora seja notório o atraso com que o novo poder se apresentou a tomar as
rédeas do governo local.
A liberdade de formação de partidos políticos, prontamente aproveitada, permitiu o aparecimento de diversas formações partidárias, entre outras referem-se as mais importantes: a União Democrática Timorense (UDT); a Associação para a Integração de Timor na Indonésia (AITI) e a Frente Revolucionária de Timor Leste (FRETILIN), partidária da independência imediata.
Em julho de 1975, Portugal reiterou o direito do povo de Timor à autodeterminação e à independência, não conseguindo, no entanto, refrear os ânimos. Uma fugaz coligação entre a UDT e a FRETILIN falhou e Timor caiu rapidamente numa situação de guerra civil.
Timor mergulhou na violência fratricida e o governador, destituído de
orientações precisas de Lisboa e sem força
militar suficiente para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e
refugiou-se na ilha de Ataúro.
Em 28 de novembro de 1975, a FRETILIN, que controlava uma parte
significativa do território, proclamou unilateralmente a independência e, no
dia seguinte, os restantes partidos pediram a intervenção da Indonésia, que lançou uma invasão em grande escala a 7 de
dezembro.
Em consequência destes acontecimentos, o governador Lemos Pires
abandonou em definitivo o território.
A Indonésia invadiu Timor e seguiu-se uma das maiores
tragédias do pós-guerra. A Indonésia recorreu
a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se cerca de duzentas mil
as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam meios
brutais de tortura; a população rural era encerrada em "aldeias de
recolonização" e as mulheres timorenses foram esterilizadas à força.
Desenvolveu-se também uma política de descaracterização do território,
quer no plano cultural (proibição do ensino do português), quer no plano
demográfico, quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como
sua 27.a província).
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos meios
materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como
a fuga de dirigentes, a morte de outros, ou o aprisionamento de Xanana Gusmão.
Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e
isolados do mundo, o povo timorense conseguiu alargar a sua luta ao meio urbano
e manter no exterior uma permanente luta diplomática, com a compreensão e o
apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo,
bispo de Díli.
Portugal, que nunca reconheceu nem a declaração
unilateral da independência pela FRETILIN, nem a anexação pela Indonésia, mobilizou a comunidade internacional para a
resolução do problema.
A atribuição, em 1996, do Prémio Nobel da Paz
a D. Carlos Ximenes Belo e a José Ramos-Horta, porta-voz internacional para a causa
de Timor-Leste, indiciou uma consciencialização a nível
internacional em relação a Timor-Leste.
Em maio de 1999, foram enviados representantes das Nações Unidas
para Timor-Leste como observadores e para preparar o referendo
sobre a autodeterminação dos timorenses, que se veio a realizar a 30 de agosto
de 1999, obtendo o resultado de 78,5% de votos a favor da independência
de Timor-Leste.
Desde então o território passou a ser
denominado Timor Loro Sae.
A 19 de outubro de 1999, o Parlamento da Indonésia anulou o
decreto da anexação de Timor-Leste como 27.a província da Indonésia.
Xanana Gusmão, entretanto libertado pelos indonésios,
assumiu a liderança do Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT) e
passou a representar Timor nas suas ações diplomáticas
pelo mundo e junto às Nações Unidas.
A 14 de abril de 2002, Xanana Gusmão foi eleito presidente da República e a
20 de maio o país conquistou em definitivo a independência.
Ainda em 2002, a 27 de setembro, Timor-Leste passou a ser o 191.º estado-membro da ONU.
Inforpédia (consultado e adaptado
em dezembro de 2020)
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