Rotina
Assim que o meu pé roça o chão
E o autocarro parte para outra povoação
A azáfama em mim presente configura-se abruptamente
Todos os dias me vejo neste estado dolente.
Deslumbro a minha antiga escola, distante,
Relembra-me uma simplicidade tão discrepante
Ah! Como era bom este retornar,
Escorregar, correr e brincar sem para trás olhar!
Mas com o tempo houve uma mudança no meu entendimento
Tudo se dissipou da sua luminescência original.
Agora, este trajeto já não representa alento
Transformou-se na ansiedade, que sentimento violento!
As minhas ambições consomem-me!
Os outros não parecem ter a mesma preocupação
Imperturbados, no café, com uma cerveja na mão,
Desperdiçando a vida pela satisfação.
Entre o sussurrar distante dos diálogos,
Destaca-se o ruído raivoso dos carros.
Um veículo cruza a estrada distraído e reflexivo,
Mais uma cara incógnita num maço de cigarros.
Aceno. “Olá, há tanto tempo que já não a via!”
Sorrio com carinho a quem me viu crescer
Passo nostalgicamente pelas bisbilhotices alheias
E rotineiramente corto para a rua a descer.
As mesmas pedras permanecem soltas
As mesmas plantas continuam por regar
Avisto o sorriso da minha avó por me ver chegar
A inquietação para, talvez seja bom o não mudar!
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