terça-feira, 11 de abril de 2023

Deambulando - 12.ºA 7

Eu de Domingo vs. Eu de segunda

Domingo

 


Quatro horas da tarde

junta-se a comunidade

perto da lagoa límpida, primordial 

num contexto informal.

 

Reúnem-se e celebram os vivos,

dizendo por eles rezar e adorar a Deus

mas assim que se sentem livres

colocam veneno sobre ti como esparge o seu néctar Zeus.

 

Imagino-me, não a rezar por quem 

de mim não quer saber, mas sim

como Osíris a ver quem no céu lugar tem

esperando que também haja lá lugar para mim.

 

De volta ao ar fresco e agradável

que reina perto da lagoa, deparo-me 

com um grupo de pessoas expectável

que na deambulação vive. O costume!

 

Ao longe, ouvem-se as brancas pás 

das grandes turbinas eólicas a rodar 

fazendo-me querer voltar atrás

e visitar aquelas que me fazem andar.

 

Segunda



Ainda de noite, levanto-me atordoada

com a minha melancolia matinal 

e num acordo nada consensual

despeço-me da minha cama desocupada.

 

Caminhando, no ar gélido da manhã,

até à paragem onde apanho o autocarro,

ainda derrotada pelo sono, penso no amanhã

e como tudo na vida é bizarro.

 

Sento-me e vejo de miragem

crianças com os seus computadores

ligados às sete da manhã e fazem, 

passam e jogam neles como consumidores.

 

Regresso com a minha cogitativa 

mochila às costas e observo as mesmas

pessoas do dia anterior, sem problemas,

na sua constante vida inativa.

 

Aquelas que me fazem andar

não estão no seu melhor

é nisto que penso, ao deitar,

com medo do pior.

 

Antes de finalmente os olhos fechar

por elas rezo em contínua aflição

de que no próximo domingo já não as irei visitar 

porque apesar de não serem eternas avós são perfeição.

 

Diana Baptista, N.º7, 12.ºA

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