terça-feira, 4 de abril de 2023

Deambulando - 12.ºB 3

Deambulando pela Fonte do Oleiro

 



Ao entardecer, Sol quase posto,

Desço os pequenos degraus que ditam

A fuga do ansioso para o que é oposto.

E as emoções que daí transitam,

Veementes e penetrantes se evadem!

 

E a chuva, lenta e despreocupada,

Cai sobre a esverdeada e rugosa macieira.

E perplexo, cismando como havia mandado

alguém, essa chuva mestiça como mármore

Cair em alguém tão desolado!

 

E, divagando nessas ruas secundárias,

vendo o pedreiro a trabalhar, a dama a olhar,

as viúvas, oh! Essas já só solitárias

perdidas nas más palavras, sós nas janelas a espreitar

esperando algo mais que duas crianças a passar.

 

O cão, castiço, sujo, em tons de marrom

ladra a qualquer ser que deambule

seja esse ser mau ou bom.

Ladrar esse, toante, para que em todos se especule,

quais as almas que andam pela rua e porquê?

 

E a passagem pelo campo inspira-me, e motiva-me

Para ter sempre metade da força

que o agricultor sem idade tem! E o charme,

que a senhora dona do construtor, oh moça!

Charme que essa nunca terá.

 

Ao chegar à vizinhança, avisto à distância

A minha senhora, mais querida avó materna,

que me espera sempre sem qualquer circunstância,

apenas para me oferecer aquele lanche eterno,

argumentando, sem argumentos, o “inargumentável”.

 

Chegando a casa descarrego o peso,

Real e imaginário do medo diário,

De um sucesso inalcançável e ileso,

de qualquer esperança ou viço ordinário

que nada mais será, que uma desilusão.

 

E ao final do dia, já depois da ceia,

mais um conjunto de sensações,

fruto de uma memória, e meia!

Memória do que já foram emoções

e que agora nada mais são que tristes canções.

 

Bruno Vieira, N.º 3, 12.ºB

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