Eu de Domingo vs. Eu de
segunda
Domingo
Quatro horas da tarde
junta-se a comunidade
perto da lagoa límpida,
primordial
num contexto informal.
Reúnem-se e celebram os
vivos,
dizendo por eles rezar e
adorar a Deus
mas assim que se sentem
livres
colocam veneno sobre ti
como esparge o seu néctar Zeus.
Imagino-me, não a rezar
por quem
de mim não quer saber,
mas sim
como Osíris a ver quem
no céu lugar tem
esperando que também
haja lá lugar para mim.
De volta ao ar fresco e
agradável
que reina perto da lagoa,
deparo-me
com um grupo de pessoas
expectável
que na deambulação vive.
O costume!
Ao longe, ouvem-se as
brancas pás
das grandes turbinas
eólicas a rodar
fazendo-me querer voltar
atrás
e visitar aquelas que me
fazem andar.
Segunda
Ainda de noite,
levanto-me atordoada
com a minha melancolia
matinal
e num acordo nada
consensual
despeço-me da minha cama
desocupada.
Caminhando, no ar gélido
da manhã,
até à paragem onde
apanho o autocarro,
ainda derrotada pelo
sono, penso no amanhã
e como tudo na vida é
bizarro.
Sento-me e vejo de
miragem
crianças com os seus
computadores
ligados às sete da manhã
e fazem,
passam e jogam neles
como consumidores.
Regresso com a minha
cogitativa
mochila às costas e
observo as mesmas
pessoas do dia anterior,
sem problemas,
na sua constante vida
inativa.
Aquelas que me fazem
andar
não estão no seu melhor
é nisto que penso, ao
deitar,
com medo do pior.
Antes de finalmente os
olhos fechar
por elas rezo em
contínua aflição
de que no próximo domingo
já não as irei visitar
porque apesar de não
serem eternas avós são perfeição.
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