Deambulando pelas Pedreiras
O dia está leve, o céu
encontra-se
Num azul ameno, que antes
era encoberto
Por nuvens densas e
tristes. Decerto
O ambiente revigora e me
libera de stresse!
Os jovens, de mala às
costas, vão para casa.
Uns têm quem os leve e
outros, sozinhos,
Erram pelas ruas, quietas
e molhadas, até aos ninhos.
De longe ouve-se um carro
que passa.
Avisto um globo terrestre,
acima,
Esculpido numa fonte seca
e esquecida.
A seu lado está um canhão
em calcite,
E um banco desbotado, sob
uma amoreira altíssima!
Ocorre-me, com tal visão,
o épico
Povo português a navegar
pelo mar
Para conquistar o mundo,
superando o pânico
Do desconhecido! Que agora
nem sonhar!
A igreja destaca-se no
meio dos edifícios.
À frente, um sujeito de
camisa de xadrez, calmamente
E despreocupado, se dirige
a um café onde gente
Convive e come ao som dos
talheres e da televisão. Um bulício!
Dois pedreiros, sujos e
cansados, dirigem-se
Apressadamente para o
banco, deixando a carrinha.
Passo numa rua deserta, e
ouço o assobiar mansinho
E suave do vento. Como se
este me sussurrasse.
Os ramos das árvores
ondulam como o mar.
Um chiar solitário de um
portão soa no caminho.
E um ladrar repentino e
frenético desorienta de levezinho!
Vejo casa de faixa que se
vai perlongar.
Vou mergulhando mais pelo
campo verde
E pelas ruas pouco
movimentadas. Ainda mais de tarde!
As habitações vão ficando
escassas e o ar tende
A ficar mais leve e
salubre! Ouço um rastejar cobarde.
Um longo olival
prolonga-se no horizonte,
E pó dos carvalhos flutua
pelo ambiente.
Distraio-me com as
verdejantes canas-da-índia, no muro
E então uma grande nuvem
esconde o sol, e fica um pouco escuro.
Vagueio entre vinhas
rubras da estação,
As videiras escarlates e
as suas formas distorcidas,
Tornam-se corpos
sangrentos e contorcidos
No meio de um campo de
batalha. Uma sufocação!
O sol tímido volta a
clarear a rua. Irradia!
E os pássaros chilreiam
alegres por entre os carvalhos.
Campos lavrados são
tapados por arbustos.
Entro numa rua não
alcatroada, pegajosa e escorregadia!
Os medronhos no chão
lembram gotas de sangue cruas.
O cheiro da murta fica
presente na atmosfera.
Evocando assim as festas
da Maceira,
Onde esta planta se
distribuía, pintando e aromatizando, nas ruas.
Faço uma subida acentuada
na estrada irregular,
Olhando os eucaliptos que
se parecem com grades
De uma jaula, pela forma
como estão dispostas, de modo igual.
E então acima, avisto uma
casa entre as verdes irregularidades.
Espantoso como o mundo na
sua grandeza,
Por mais pura e plena
dissimulação,
Se deixa mutilar e
recriar, até mesmo a Natureza,
Pela pequenez, sofrida e
arrogante, do Homem em geração.
Diana Bonifácio, N.º 8, 12.ºA
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